À primeira vista, quando você se depara com a pergunta do título desse post, a resposta que surge na ponta da língua pode parecer bem óbvia: Porque são cenários totalmente diferentes.
E você não está errado, a resposta só não é tão rasa assim.
No terceiro episódio do Talkshare, Eden Wiedemann (especialista em marketing político e head de planejamento na Cumbuca) comentou brevemente sobre o porquê dos cases políticos americanos nem sempre funcionarem no Brasil. A conversa, de pouco mais de uma hora, permeou comparações entre os dois países durante boa parte do episódio.
Pode não parecer tanto, mas os EUA é um país totalmente diferente do Brasil, principalmente no cenário político?—?o que é curioso se levarmos em consideração que a independencia de ambos tem menos de cinquenta anos de diferença uma para a outra. A semelhança entre Brasil e EUA se restringe, para ser sucinto, ao sistema presidenciário. A partir desse ponto, os países seguem caminhos totalmente distintos de escolha de presidentes.
Um dos pontos mais importantes a ser citado é o fato de que os EUA, apesar do sistema quase que bipartidário, é um país politicamente muito mais plural do que o Brasil na escolha de representantes. Isso se deve ao fato de que os Estados Unidos é realmente isso, uma junção de estados que formam um país?—?ou seja, é natural que, por exemplo, cada estado tenha autonomia maior nesse processo.
No Talkshare citado anteriormente, ao falarmos sobre as diferenças entre EUA e Brasil, Wiedemann diz: Nós não temos um Barack Obama. E com isso, Eden não quis dizer que o Brasil não possui uma pessoa ideológicamente igual ao Obama, ele falava sobre carisma, sobre ser, antes de tudo, um bom comunicador. E se tivéssemos que escolher algo para aproveitar ou aprender com as campanhas americanas, talvez você devesse prestar mais atenção em como os candidatos se comportam, on e offline, como eles se comunicam, como engajam pessoas.
Além disso, o fator cultural inside muito. Ambos os países são ricos em imigração e diversidade, mas como essas pessoas se relacionam com política é bem diferente. A política virar fla-flu no Brasil é uma realidade muito recente enquanto nos EUA, o engajamento político é parte da vida do americano, parte do que compõe o sentimento patriota que é incentivado no país.
Podemos aprender algo com os EUA? Com certeza. Mas talvez, antes de tudo, devamos olhar mais para o que está exposto, o que está na mídia, nas opinões das pessoas, entender como canditados se relacionam com eleitores, como eles se fazem presentes; isso mais do que tentar entender o making of de campanhas feitas para cenários tão diferente.