Trabalhar com política não deve ser uma tarefa fácil e quando se trata de internet, fica mais complicado ainda. Pensando em todo o fluxo de informações, comentários, usuários e muita pressão que chega por todos os lados, fica difícil pensar em planejamento e organização de equipe, não é? Para entender um pouco melhor como funciona este mundo na prática, eu trouxe algumas informações de quem vive isso diariamente.
Como criar uma equipe de política na internet
Fred Fagundes é Coordenador de Conteúdo Digital no Governo de Mato Grosso do Sul, e preparou um material super bacana sobre equipe e Política, para ser apresentado nas edições do Share em Porto Alegre e em Brasília, mas para quem perdeu os eventos, vou deixar aqui algumas informações bem importantes que ele levantou!
Em um cenário básico, segundo Fred, poderíamos contar com uma equipe composta por:
- Redator;
- Analista de mídias sociais;
- Diretor de Arte;
- Analista de métricas.
Em um cenário diferenciado, já pode-se contar com:
- Dois redatores;
- Analista de mídias sociais;
- Diretor de arte;
- Analista de métricas;
- Programador;
- Videomaker;
- Planejamento;
- Community Manager;
- Sombra.
Fred trouxe também, uma ideia sobre Estratégia e Rotina de Trabalho:
- Pautas diárias. Fechar programação o mais cedo possível. Comunicar o candidato em caso de texto em primeira pessoa.
- Estar preparado para o conteúdo de oportunidade 24 horas.
- Ter a agenda de eventos, debates e caminhadas para desenvolvimento de conteúdo frio (e não cair em ciladas).
- Rotina diferenciada em entrevistas e debates. Criar conteúdo contextualizado com a situação.
Neste momento já podemos ter uma ideia de como funciona a equipe de trabalho, claro, cada setor, cada estado deve ter sua variação de funções e pessoas envolvidas. Para ir mais afundo na rotina, conversei com a Thaís Pedrazzi, Coordenadora de Comunicação do Diretório Estadual do PSDB-RS, ela me contou um pouco como funciona toda a logística, os imprevistos e o que envolve trabalhar com a comunicação de um partido. Dá uma olhada na nossa conversa:
Como é composta a equipe de comunicação do Partido?
O Diretório Estadual é composto por:
- Coordenadora de Comunicação;
- Diretora de Arte;
- Social Media;
- Fotógrafo;
- Assessora de imprensa;
- Supervisor de eventos;
- Advogado para suporte jurídico voltado para comunicação;
- Apoio: estrutura da agência de publicidade.
O suporte Brasília / Brasil:
- Grupo composto por todos os coordenadores de comunicação nacionais (um representante por estado);
- Grupo de assessores de imprensa dos deputados federais do partido;
- Analista de comunicação para acompanhamento de pauta do RS;
- Estrutura de comunicação do PSDB Nacional à disposição.
Me comenta um pouco sobre sua rotina de trabalho e como vocês lidam com os problemas / imprevistos (mil trutas, mil tretas):
Vou falando junto da rotina e dos problemas, porque tudo acaba acontecendo simultaneamente. Rotina de trabalho é bem incerta, as sessões plenárias muitas vezes se estendem até parte da madrugada e a comunicação que você planeja pode mudar repentinamente. Por exemplo: é dia da saúde e você tem todo um planejamento para mostrar como o seu partido trabalha para tal, quais os projetos e de repente vai sair a seção de votação de cassação do Eduardo Cunha, onde o relator pode ser alguém do partido. Isso muda tudo do dia para noite, então a rotina por mais que se tentasse programar, não é algo fácil, “do nada” os olhos das pessoas estão voltados para outras coisas que você também terá que comunicar.
Trabalhamos com três bases de comunicação nas redes sociais: proximidade (estímulo da simpatia, comunicação direta), causas (deixar claro pelo o que você trabalha) e identificação (atenção ao que está sendo dito pelas pessoas/presença no dia a dia) e tentamos atingir as três diariamente via instituição partidária ou candidato.
“O pensamento tem que ser muito rápido mesmo e é praticamente impossível você seguir um calendário na política.”
Só que tudo isso muda repentinamente também, ou seja: você tem toda uma campanha digital pronta e a sua capital foi tomada por temporal que deixou tudo destruído, você não pode como instituição política não trabalhar aquilo e ao mesmo tempo não pode parecer oportunista nestas horas. Então o pensamento tem que ser muito rápido mesmo e é praticamente impossível você seguir um calendário na política.
Mas a rotina “normal” é acordar com jornal na mão e se sintonizar no que está acontecendo no mundo naquele momento, também muito baseada em WhatsApp, todos os dias cedo os coordenadores estaduais passam a situação nos seus estados, o que está acontecendo,como estão comunicando. Assim também fazem os assessores de imprensa, eu também conversava com a equipe de Brasília para saber os rumos por lá logo cedo e aí sim seguir para o trabalho do dia. Também temos que estar de olho no que os nossos adversários estão falando.
Como é feita a aprovação do conteúdo?
Muito conteúdo nacional vinha pronto para ser replicado nas redes do estado como regra, mas a produção de conteúdo estadual e para candidatos era bem livre, não passava por Brasília a aprovação, mas passava sempre pelo presidente do diretório estadual, o que dificultava bastante se tratando de um deputado federal que por vezes estava no plenário ou reunião, etc. Santo WhatsApp pra salvar!
Ufa, deu pra perceber que trabalhar com Política não é moleza! Em ano de eleições municipais, a vida de quem compõe estas equipes deve estar correria pura, mas apesar disto, tirando tudo o que sabemos que existe de complicado e negativo nesta área, toda a politicagem e venda de promessas, deve ser incrível trabalhar por uma comunicação que age em prol de uma cidade, estado, e quiçá, de um país!